OSTRA EXÓTICA INVADE O LITORAL DE SÃO PAULO, AMEAÇA O MEIO AMBIENTE E JÁ AFETA A ECONOMIA LOCAL: 'A SITUAÇÃO É CRITICA'
- Guaruja milgrau
- 17 de jun.
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O que inicialmente parecia ser apenas mais uma espécie marinha entre tantas que habitam os manguezais de Cananéia, no litoral de São Paulo, revelou-se uma ameaça à biodiversidade local. Pesquisadores da Universidade Estadual Paulista (Unesp) identificaram a presença da ostra Saccostrea, uma espécie invasora que, segundo eles, pode ter sido introduzida na região por meio da água de lastro de navios.
Originária da região do Indo-Pacífico, a ostra Saccostrea foi registrada pela primeira vez no Brasil em 2014, em Bertioga. Desde então, vem sendo encontrada convivendo com ostras nativas em diferentes superfícies nos ambientes costeiros.
Por ser uma espécie exótica, ela compete por espaço e recursos com a ostra nativa do gênero Crassostrea, como explica a professora doutora Marília Cunha Lignon, do curso de Engenharia de Pesca da Unesp de Registro, no Vale do Ribeira. Para o ser humano, ela não provoca nenhum risco, reforça a especialista.
“Então, a gente pode comer a ostra (...), mas ela não tem um paladar adequado para nossa cultura. Ela tem um gosto diferente, tem uma coloração amarelada. Ela fica parecendo estragada, apesar de não estar”, complementa.
Descoberta da espécie
A descoberta da espécie invasora foi feita durante estudos de monitoramento realizados por estudantes e pesquisadores da Unesp e de outras instituições. A coordenadora do grupo de pesquisa, integrado ao monitoramento de manguezais, ainda acrescenta que a espécie chegou ao Brasil provavelmente por meio da água de lastro de navios. Esse sistema, usado para estabilizar embarcações durante o transporte, pode carregar larvas marinhas de um oceano a outro.
Cananéia fica próxima ao Porto de Paranaguá (Paraná), o que levanta a possibilidade de entrada da espécie pela região. No entanto, há também quem acredite que a ostra exótica possa ter chegado ao município misturada a exemplares de ostras nativas vindas do Paraná.
“A água de lastro é aquela água que os navios colocam no porão para dar equilíbrio. Então, são navios que vêm de águas diferentes. Por exemplo, vêm lá da região da Índia, com água para equilibrar o navio. Só que, nessa água, que é a água do mar, tem uma série de larvas de espécies da Índia. Quando chega aqui, essa água é liberada, e pode ser que muitas das larvas se adaptem ao novo ambiente. E foi isso que provavelmente aconteceu com essa ostra”, destaca.
Fonte: Atribuna






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