NEBLINA NAS RODOVIAS DE LITORAL DE SÃO PAULO AUMENTA RISCO DE ACIDENTES E EXIGE ATENÇÃO REDOBRADA DOS MOTORISTAS
- Guaruja milgrau
- 9 de mai.
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Um dos fenômenos que mais comprometem a visibilidade nas rodovias, a neblina eleva consideravelmente o risco de acidentes, principalmente colisões múltiplas. Em 2023, segundo a concessionária Ecovias Imigrantes, houve 35 acidentes no Sistema Anchieta-Imigrantes (SAI) em condições de neblina. No ano passado, foram 41 ocorrências. No período de janeiro a abril de 2025, foram registrados sete acidentes relacionados à presença de neblina no SAI.
Segundo o especialista em Direito do Trânsito e Transporte Marco Fabrício Vieira, o Artigo 40 do Código de Trânsito Brasileiro (CTB) exige manter os faróis baixos acesos à noite e durante o dia em túnel, chuva ou neblina. Não basta o DRL, sigla para luz de condução diurna, um recurso que se mantém aceso mesmo sem ligar o farol baixo.
“O Artigo 43 do CTB reforça que o condutor deve adequar a velocidade às condições meteorológicas; já o Artigo 223 pune com multa grave o condutor que transitar com o farol desregulado ou com o facho de luz alta de forma a perturbar a visão de outro condutor; e o 224 pune com multa leve o uso indevido de farol alto em vias iluminadas”, lista.
Vieira também acrescenta que a Resolução 970/2002 do Conselho Nacional de Trânsito (Contran) define farol de neblina como dispositivo para melhorar visibilidade para o condutor em neblina, chuva forte, fumaça ou poeira.
“Essa resolução também define lanterna de neblina traseira como dispositivo de sinalização utilizado para melhorar a visibilidade do veículo para os demais condutores, quando visto pela traseira, em caso de neblina, nevoeiro, fumaça, chuva forte ou nuvem de poeira”, acrescenta o especialista.
A norma também estipula, de acordo com Vieira, que o uso indevido da lanterna de neblina traseira (ligá-la sem neblina ou outras restrições de visibilidade) configura infração passível de multa leve. “De forma complementar, a Resolução Contran 667/2017 torna obrigatórios, a partir de 2021, faróis de neblina dianteiros e lanternas de neblina traseiras em novos veículos nacionais. Essas regras trazem exigências técnicas de iluminação veicular para segurança em condições adversas”, completa.
Tecnologia veicular
Os sistemas modernos de iluminação veicular usam faróis adaptativos (LED matriciais ou a laser), que ajustam o ângulo e a intensidade do feixe conforme direção e condições climáticas. Em neblina, esses faróis reduzem automaticamente o alcance para minimizar o ofuscamento pelo reflexo do fenômeno, servindo ao mesmo objetivo do farol de neblina tradicional.
“Os LEDs atuais têm feixes tão precisos que iluminam bordas da pista – tarefa antes exclusiva dos faróis de neblina. Alguns fabricantes, como por exemplo Audi, BMW e Mercedes, já oferecem faróis full LED adaptativos ou até a laser em veículos de ponta, melhorando a visibilidade sem o elemento estético do farol auxiliar”, afirma o especialista.
Outras tecnologias de assistência ajudam na neblina, como sistemas de visão noturna. Eles usam câmeras termográficas (infravermelho) para detectar pedestres ou animais além do alcance dos faróis comuns.
Uma delas é a Lidar (light detection and ranging), baseada em pulsos de luz laser para medir distâncias e criar modelos 3D do ambiente. É frequentemente usada em sistemas avançados de assistência ao motorista (ADAS), que utilizam sensores para ajudar o motorista a dirigir mais seguro e confortavelmente.
“Sensores de radar e Lidar embarcados penetram a neblina melhor que a luz visível, pois operam em comprimentos de onda milimétricos. Por exemplo, assistentes de frenagem de emergência baseados em radar podem enxergar obstáculos mesmo com baixa visibilidade, acionando os freios quando necessário”, explica o especialista em Direito do Trânsito e Transporte Marco Fabrício Vieira.
Inovações futuras
Pesquisas apontam soluções ainda mais sofisticadas para neblina. Um estudo italiano desenvolveu faróis a laser que criam “corredores luminosos” pelo nevoeiro, permitindo enxergar estradas a mais de 1 quilômetro de distância.
“Além disso, avanços em inteligência artificial prometem integrar dados de diversos sensores (câmeras, radar, mapas) para fornecer avisos inteligentes e ajustar parâmetros de condução em tempo real. Esses sistemas ainda estão em desenvolvimento, mas ilustram o rumo tecnológico: mesmo em neblina, as montadoras investem cada vez mais em sensores e iluminação inteligente para ajudar o motorista”, afirma o especialista.
No Sistema Anchieta-Imigrantes (SAI), a Ecovias Imigrantes adota a Operação Comboio durante situações de neblina intensa. Ela tem como principal objetivo evitar acidentes causados pela baixa visibilidade.
A operação, segundo a empresa, é acionada sempre que os visibilímetros instalados nas rodovias detectam visibilidade inferior a 100 metros — condição considerada crítica para a condução segura. Nessa situação, o Policiamento Rodoviário, com o apoio da Ecovias Imigrantes, realiza o represamento dos veículos nas praças de pedágio localizadas no km 31 da Via Anchieta e no km 32 da Rodovia dos Imigrantes, ambas no sentido Litoral.
“A cada 30 minutos, aproximadamente 500 veículos são liberados em comboio, trafegando a uma velocidade controlada de até 40 km/h, até que as condições de visibilidade melhorem. Esse deslocamento é acompanhado por viaturas da Polícia Militar Rodoviária, que garantem a segurança e o controle do ritmo do tráfego”, detalha, em nota.
No sentido Capital, onde não há estrutura para represamento, a Ecovias Imigrantes explica que a orientação é feita por meio de sinalização luminosa com alertas sobre o limite de velocidade.
“Em casos mais severos, é realizado o chamado ‘monitoramento em movimento’, no qual viaturas da polícia trafegam junto aos veículos, impondo o controle da velocidade. Além disso, é aplicada uma restrição ao tráfego de caminhões na pista Norte da Imigrantes, pois o risco de acidentes aumenta consideravelmente com veículos pesados em baixa velocidade em meio à neblina”, completa.
A empresa lembra que, desde junho de 2018, há também a Operação Comboio Interligação, voltada para situações em que a neblina se concentra somente no trecho da Interligação Planalto.
“Nessa configuração, os veículos com destino à Via Anchieta são represados no km 8 da Interligação, logo após a alça de acesso da Imigrantes, e seguem escoltados até que a visibilidade melhore. Já os veículos que seguem pela Imigrantes podem continuar o trajeto normalmente”, afirma.
Outras medidas
Além da Operação Comboio, a Ecovias Imigrantes adota diversas medidas para reforçar a segurança viária em situações de neblina intensa no SAI. Uma das principais estratégias, de acordo com a empresa, é a ativação de sinalização luminosa com luzes piscantes em amarelo, que orienta a redução de velocidade em trechos críticos. Esse sistema é acionado automaticamente quando a visibilidade fica abaixo de 100 metros — uma condição considerada crítica para a condução segura.
A Ecovias Imigrantes também orienta os motoristas a redobrarem a atenção, manterem os faróis baixos acesos, evitarem ultrapassagens, aumentarem a distância de segurança e não utilizarem o pisca-alerta com o veículo em movimento. Essas recomendações são amplamente divulgadas em tempo real por meio dos painéis de mensagens variáveis instalados ao longo das rodovias.
Além disso, a concessionária disponibiliza diferentes canais de comunicação para manter os motoristas informados sobre as condições da rodovia. Entre eles, estão as contas nas redes sociais X (@_ecovias) e Threads (@ecoviasimigrantes), atualizadas diariamente das 6h30 às 22h; e 0800-0197878 (que também é WhatsApp), com atendimento 24 horas.
Fonte: Atribuna

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