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GUARUJÁ, A PEROLA QUE RELUZ

  • Foto do escritor: Guaruja milgrau
    Guaruja milgrau
  • 14 de set.
  • 2 min de leitura

Nosso Litoral moldou Guarujá com uma beleza distinta, praias entrecortadas, reentrâncias inesperadas e, no paraíso, cresceu uma cidade. A cidade dos sambaquis foi projetada como uma Biarritz tropical, inaugurando entre nós os hábitos balneários. Mas, em outra face da moeda, a cidade no paraíso tornou-se, desde os anos 50, um laboratório vicioso do pior da desigualdade brasileira.


Com a industrialização de Cubatão e o acesso fácil das rodovias, a planície sobressalente da Ilha de Santo Amaro desacoplou-se do glamour praiano e forjou o bravo distrito de Itapema, que por sua vez cresceu em desmesura e falta de infraestrutura. A vida do nosso presidente Lula conta boa parte das possibilidades e desafios dos migrantes no atual Vicente de Carvalho. Guarujá fez-se o protótipo mais mal-acabado de como crescer sem dividir o bolo.


A violência no Brasil tem um componente cruel associado à origem na desigualdade: o ressentimento social. Imaginem a opulência desmedida e a carência aviltante convivendo em tão reduzido perímetro urbano? Meu amor pelo Guarujá advém muito de seu potencial e de sua capacidade de integrar sua formosura de modo igualitário. No seu atual estágio, pede-se um grande esforço de reconstrução social, tendo a Cultura, no seu sentido mais profundo, como motor de resgate do sentido de cidadania.


Medellín é exemplo ideal de superação através de políticas públicas, tendo a Arte e a Educação como vetores de inserção de populações vulnerabilizadas. Quando a Arte não é acessível, a violência é protagonista. Parece utópico? A realidade de muitas cidades degradadas diz o contrário: renasceram! O que nos traz esperança são os fortes sinais de que o Guarujá dá a volta por cima. Ver um nome como Fábio Mesquita implementando um planejamento de vulto na Saúde me encoraja a crer numa retomada orgânica em outras vertentes.


A Secretaria de Cultura completa 20 anos e, como é importante, termos Cultura com status de secretaria, dissociada de Turismo e Educação, ainda que conectados. Ao jovem e atuante secretário Marcelo Wallez não faltam sugestões: o uso pelo município do Forte da Barra, oficinas de arte em todas as comunidades, um festival literário à altura do prestígio guarujaense, centros culturais com capilaridade por toda a ilha e, especialmente, um levantamento histórico desde a passagem de Américo Vespúcio até a saga de Santos Dumont no Hotel La Plage.


Guarujá é uma grife, uma marca, uma paisagem carregada de simbolismo para milhões que guardam na memória a pérola que pode reluzir com espírito de superação, sem preconceitos e muita convergência. Com o túnel que se anuncia, são infinitas as chances de melhor conurbação com o restante da Baixada e o Planalto. Guarujá é porto, aeroporto, sol e lazer, mas insisto na sua dimensão espiritual e simbólica, no seu redimensionamento cultural, em sua identidade perdida que pode ser de novo revelada.


Para os areiões bucólicos do Litoral Sul até o novo charme do Litoral Norte, ao lado da minha Santos, o Guarujá se distingue por um sei lá o quê de diferente, uma personalidade única, uma outra coisa entre os desvãos do Tombo à Prainha Branca. Em forma de dragão, a Ilha de Santo Amaro mítica guarda segredos não dilapidados.


Torço pela nova gestão de Farid. Desculpem-me o clichê, mas cabe aos poetas zelarem por belo verso. Guarujá, raro poema.


Fonte: Atribuna


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