ESTUDANTES DE MEDICINA DORMEM NO CHÃO E DENUNCIAM PLANTÕES EXAUSTIVOS E ABUSIVOS NO INTERNATO: 'CONDIÇÕES DEPLORÁVEIS'.
- Guaruja milgrau
- há 15 horas
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A Universidade do Oeste Paulista (Unoeste), acusada de falsificar a assinatura do estudante de Medicina Roberto Fakhoure, também é alvo de denúncias sobre as condições oferecidas para o internato (estágio obrigatório) de alunos do mesmo curso. Ao g1, universitários afirmaram que são submetidos a plantões exaustivos e abusivos de trabalho no Hospital Santo Amaro.
Em nota, a universidade afirmou que as informações "não refletem a realidade do curso e do dia a dia dos nossos estudantes" (veja posicionamento completo mais abaixo).
Fakhoure diz que teve a assinatura falsificada em um documento após questionar a reprovação em uma disciplina. O advogado dele acredita que a reitoria tenha feito a falsificação para impedir que o estudante recorresse ao campus do interior paulista e denunciasse as "condições sub-humanas" do internato no litoral (saiba mais sobre o caso).
Ao g1, dois estudantes do curso - que preferem não se identificar - confirmaram as denúncias de Fakhoure. De acordo com eles, a universidade não oferece a infraestrutura adequada para que os alunos façam o estágio necessário no centro obstétrico do Hospital Santo Amaro.
Os estudantes contaram que foram submetidos a plantões de até 24 horas, sem tempo ou local para descanso.
"A gente passou por vários médicos, por várias condições deploráveis. A gente foi obrigado a dormir no chão, entre outras coisas erradas que a gente via dentro do hospital e tinha que compactuar", denunciou um universitário, que preferiu não ser identificado.
Segundo ele, os alunos se revezavam durante a madrugada para descansarem. Senão, eles corriam o risco de reprovar na disciplina. "Nunca teve horário fixo de descanso, uma hora determinada. O que tivesse que acontecer no hospital, a gente tinha que estar lá em cima", revelou.
O estudante contou ainda que a coordenação do curso não mantém boa comunicação para tratar do assunto com os alunos. "A nossa carga é super mais elevada, muito maior e mais desgastante do que qualquer outra faculdade [...]. Fora isso, tentam implementar mudanças durante a gestão. Você assina o contrato, como vai ser a forma de avaliação, e vira e mexe, eles mudam durante o decorrer do curso".
Outro universitário afirmou que os estudantes são submetidos a mais de 60 horas semanais de trabalho e os orientadores do internato já chegaram a reclamar até dos horários de almoço dos alunos.
"Eles usam alguns alunos, como o Roberto, como exemplo, nos mostrando que coisas pequenas podem gerar grandes punições, fazendo com que alunos trabalhem sob pressão diante a uma extensa carga horária e ainda tenha medo de pequenos momentos de descanso pelas punições exacerbadas", desabafou.
O que diz a universidade?
Em nota, a Unoeste afirmou que o curso de Medicina do campus Guarujá possui nota máxima na avaliação do Ministério da Educação (MEC). "O internato é realizado em hospital e unidades de referência na região, e a instituição preza pelo bem-estar dos estudantes e pela excelência do atendimento à comunidade", pontuou.
O que diz o hospital?
Também em nota, o Hospital Santo Amaro afirmou que possui compromisso em proporcionar bons ambientes de trabalho e descanso para os médicos e estudantes de Medicina. "Como parceiros da Unoeste na formação dos alunos, o diálogo entre as instituições é amplo e permanente, o que garante que as necessidades e sugestões dos estudantes sejam atendidas".
Fonte: G1

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